Reino e Batismo extraído do livro “O Discípulo” de Juan Carlos Ortiz .

“Como sabemos, existem dois reis neste mundo, e cada um deles tem seus domínios. Nós nascemos no reino das trevas. Somos cidadãos naturais do reino do egoísmo. E neste reino todos seguem sua própria vontade. É deste modo que Satanás governa seu império, “segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos” (Efésios 2:3)

Nós vivíamos como desejávamos; fazíamos o que nos agradava. E isso não fazia a mínima diferença para nós. O reino das trevas é como um navio avariado que está afundando rapidamente. Quando o capitão da embarcação percebe que o navio está perdido, ele se dirige aos passageiros e diz o seguinte: “Os passageiros da segunda classe podem ir para primeira. Todos podem fazer o que quiserem. Quem quiser beber, pode se servir a vontade em nosso bar; é tudo de graça. Se quiserem jogar futebol no salão de refeições, podem, e se quebrarem as lâmpadas, não se preocupem.”

E os passageiros exclamam: “Que capitão maravilhoso, este nosso! Podemos fazer o que quisermos neste navio.” Mas acontece que dentro de alguns instantes todos estarão mortos. No reino das trevas, podemos gozar a vontade de todos os prazeres das drogas, lascívia e engano. Não obstante, estamos perdidos. Pensamos que somos reis, somos dominados pelo espírito de egoísmo e nosso reinado. Mas é apenas uma questão de tempo.

E o que é realmente a salvação? É o fato de que “ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Colossenses 1:13) Isto não significa ficar totalmente liberto de domínio. É simplesmente mudar do domínio de Satanás para o de Jesus Cristo. Neste novo reino, não podemos fazer tudo que quisermos. Nele, somos parte do Reino de Deus. Ele é o Rei, Ele é quem governa. Nós vivemos de acordo com seus desejos e vontade. O testemunho daqueles que passaram da morte para a vida, que se mudaram de um reino para outro é o seguinte: “Antes de encontrar Jesus, eu dirigia minha própria vida. Mas depois que o conheci, é ele quem governa.”

Talvez alguns preferissem que não fôssemos tão incisivos. Eles pensam que existem três caminhos, e não dois, e vivem por essa idéia. Para eles, haveria o caminho largo, que é para os pecadores destinados ao inferno. O caminho estreito seria para os pastores e missionários. E este terceiro caminho — que não é nem muito largo nem muito estreito, é mediano. Este caminho mediano é uma invenção humana. A verdade é que ou nós estamos no reino das trevas fazendo o que é de nossa vontade, ou estamos no Reino de Deus fazendo a vontade dele. Não existe uma situação intermediária.

Em realidade, não é muito fácil mudar-se de um reino para outro. Não existem passaportes nem vistos. Somos escravos dos nossos próprios pecados. Nós não podemos simplesmente levantar e partir. Nenhum escravo pode fazer isto. O único modo de se libertar de um cativeiro é pela morte. Por que é que os cânticos dos escravos norte americanos falavam tanto a respeito do céu? É porque esta era sua única esperança de emancipação. Também nós, só podemos nos libertar do pecado, morrendo.

E ainda há um outro fator: o reino de Deus não aceita cidadãos naturalizados. O súdito tem que nascer neste reino.

Então como é que uma pessoa pode mudar sua cidadania do reino das trevas para o Reino de Deus? Jesus deu a solução. Sua morte na cruz e sua ressurreição significam isto: qualquer escravo que olhar para a cruz tem permissão para considerar a morte d’Ele como sua morte. Assim, o escravo morre e Satanás perde seu controle sobre ele.

Depois vem a ressurreição. Por ela somos transportados para o novo reino. Este fator é tão importante quanto a cruz. Morremos para um soberano e renascemos sob o domínio de outro. E é exatamente isso que o batismo enfoca, tal cerimônia não é uma criação nossa, nem dos apóstolos. O batismo é realizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Na verdade, a pessoa está sendo batizada por Deus, que, no ato, é representado por um homem. Na Argentina, alguns pastores recitam a seguinte fórmula batismal: “Eu o mato em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, para fazê-lo nascer de novo no Reino de Deus e para servi-lo e agrada-lo.” É bem diferente, mas funciona bem melhor.

Algumas pessoas pensam que a salvação vem através do batismo apenas; outros dizem que é somente pela fé. Mas os apóstolos disseram: “Arrependei-vos e sede batizados.” São as duas coisas. Eles não disseram: “Aquele que crer e for salvo, deve ser batizado alguns meses depois.” Eles afirmavam que o batismo tinha importância para salvação.

Qual é esta importância? É como uma nota de dinheiro. Ela tem dois valores. Um é o seu valor intrínseco — o valor do papel e da tinta, que não é muito grande. Com pouco dinheiro, poderemos comprar uma folha de papel maior do que o papel da nota; e comprar tinta em quantidade maior para fazer muitas notas. Mas existe um outro valor em uma nota de dinheiro: um valor diferente e bem maior — ela é endossada pelas reservas federais da nação. Se pegarmos aquele pedaço de papel e o levarmos ao mercado, eles nos darão muitas coisas em troca por esse papel.

Assim também é o batismo. A água e a cerimônia não são muita coisa. Mas tudo é endossado pelo que Cristo realizou na cruz e no túmulo. Portanto, o batismo tem um valor enorme. Ele diz à pessoa que está sendo batizada, que ela passou da morte para a vida. É por isso que ele precisa ser realizado na hora do passamento [na porta].

Esta idéia não foi criação minha. A igreja primitiva não batizava ninguém após o dia da sua conversão. Eles nem esperavam o culto noturno. Se uma pessoa era salva pela manhã, era batizada de manhã. Se ela era salva no meio da noite — como foi o caso do carcereiro de Filipos, narrado em Atos 16 — ele foi batizado no meio da noite.

Na Argentina, nós não damos a certeza de salvação a ninguém, enquanto não for batizado, não por causa do batismo em si, mas por uma questão de obediência. Se uma pessoa disser: “Eu creio!” mas não quer ser batizada, nós duvidamos de sua submissão a este novo Reino, pois a salvação consiste exatamente nisto: obediência. ”

Juan Carlos Ortiz, “O Discípulo”

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Posted in biblia, reflexao by agnes at May 1st, 2012.
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